Pensar, sentir e agir


Os céticos de plantão ficam a cada dia com menor margem para questionarem alguns enunciados usados e, às vezes, abusados pelos difusores da autoajuda, dos quais um número razoável de pessoas lança mão vez por outra ou mesmo frequentemente. Concordo que ainda podem ocorrer exageros ao se analisar as contribuições da atitude otimista ou do hábito de pensar de forma construtiva, mas é irracional desprezar o fato de que nossas decisões e ações são em muito influenciadas pelo que predomina em nosso mundo interior, independentemente do grau de consciência que tenhamos dos processos internos - que desembocam no pensar, sentir e agir. As pesquisas nesse campo são fartas. Há evidências de que nossos corpos podem sofrer horrores em função dos distúrbios que podemos desencadear apenas prestando atenção demasiada em problemas. Não devemos desprezar ainda os reflexos no campo da motivação e da criatividade, dentre as áreas que também podem ser afetadas em algum grau por hábitos nocivos de uso da imaginação. Penso que o mais sensato seja buscarmos discernir os padrões que imperam em nós, além de aprendermos a controlar o fluxo da energia interior que tendemos a desperdiçar ao insistirmos na maior parte do tempo na atitude dispersa. As distrações são muitas: noticiário predominantemente nefasto, programação televisiva fútil, apelo ao consumismo exacerbado, etc. Objetivamente, em vez de chorarmos pelo leite derramado poderíamos investigar as formas alternativas de os objetivos serem alcançados. Assim procedendo, correremos o risco de sermos surpreendidos ao constatar o quão reduzido é nosso conhecimento sobre os processos mais básicos da existência. Não há saída, é preciso enfrentar a realidade. Ou assumimos a responsabilidade pelo que nos acontece, seja por ação, seja por omissão, ou continuaremos iludidos pelas desculpas que somos capazes de elaborar em nome de uma pseudo paz interior ou pelas racionalizações de uma falsa noção de realismo.