Do direito de decidir


Aprendi a apreciar o que algumas religiões oferecem de bom, a reconhecer certa beleza na arte sacra e a admirar a poesia existente em alguns ritos, mas estou ciente de que isso representa apenas a minha experiência, jamais desqualificando a pretensão de quem quer que seja. Ressalto esse aspecto principalmente por perceber que, deixados à própria sorte, temos a tendência de desprezar a leitura que o outro, porventura, faça da vida e de seus processos, ignorando que, nos estritos limites da lei, ele pode dar o rumo que quiser à própria existência. Por mais convictos que estejamos acerca de nossos valores, independentemente do número de pessoas que compartilhem de nossas crenças, o fato é que jamais alcançaremos a compreensão que dê conta da vida em toda a sua extensão. Essa percepção, segundo creio, já será o bastante para fazer com que caminhemos de forma humilde, respeitando o direito que o outro tem às suas próprias escolhas. Como reconhece o dito popular: "em cada cabeça uma sentença" - e, claro, suas consequentes, às vezes, inafastáveis.