A percepção que faz a diferença


É espantosa a facilidade com que conseguimos deixar que aspectos tão valiosos da existência escapem virtualmente por entre nossos dedos. Ainda bem que a vida não guarda rancor, revelando-se na maioria das vezes disposta a oferecer a chance de ajustes e, quando é o caso, até de recomeços. Recordo-me de um antigo lugar comum em eventos motivacionais: "ouse fazer e o poder lhe será dado", diziam. Pensamento ousado e que sinalizava algum tipo de embuste, afinal, pensava eu, se tempo é dinheiro, esse pessoal realmente precisa se esforçar para vender cursos e livros. Por um longo período alimentei certa desconfiança disso, até que finalmente não me ocupei mais com o assunto. Como acontece quase que invariavelmente quando nos afastamos das preocupações, a solução emergiu e os passos necessários se desvendaram. Era impossível não reconhecer os sinais... Às vezes, imaginamos que a resposta que procuramos estaria em algum lugar ou com alguma pessoa, talvez num livro ou, quem sabe, num determinado rito. Ledo engano, porque a solução dificilmente será encontrada do lado de fora. O sujeito é sempre a sua própria resposta. Aliás, esse é outro aparente chavão motivacional que tem se revelado de uma propriedade assombrosa: "seja a mudança que você quer ver no mundo". Ou, em outras palavras: o mundo somente muda quando nós mudamos. Sem dúvidas, essa tem sido uma das grandes tônicas do ano. É motivo de muita alegria poder constatar em primeira mão que "nada é bom ou ruim" em si. Afinal, nossas percepções é que fazem a diferença, pois vemos apenas o que queremos ver.