Práticas contemplativas têm o seu valor


Não sou o tipo de pessoa que fica de braços cruzados, esperando que algo apareça ou aconteça do nada e que tudo se resolva por encanto. Ainda prefiro dar passos concretos na direção de objetivos e metas. Por outro lado, tenho aprendido também a dar valor a práticas contemplativas. Meditar, orar, rezar, quando já se fez tudo o que seria possível fazer a respeito do que quer que seja, é muito melhor do que se perder em pensamentos e sentimentos de angústia, de preocupação, de ansiedade ou de dúvida. Se há algo que perdi e que honestamente não tenho a menor intenção de resgatar é o misticismo ingênuo. Aprendi a reconhecer o valor das práticas espirituais ou psicológicas principalmente pelo que delas se pode constatar nos planos físico e mental. Tem gente que se consome tentando decifrar os mistérios de um sistema teológico. Creio que eu já tenha sido assim. Mas o que eles têm de vital está exatamente naquilo que se pode demonstrar em primeira pessoa e no trato com as demais. É possível que isso seja herança da formação científica, que me ajudou em muitos aspectos. Se não tem alguma aplicação, se não faz de mim alguém melhor, se não me ajuda a respeitar os outros, qualquer que seja a vertente, é porque tudo provavelmente não passa de mera filosofia. Aliás, sistemas filosóficos podem até ter a sua razão de ser, a qual também pode passar bem longe de resultados práticos. Só que no campo religioso, se a crença professada não faz diferença, apenas por insanidade, ingenuidade ou má fé é que alguém iria perseverar na mesma caminhada.