A ditadura da linguagem politicamente correta, se, por um lado, favorece a expressão de respeito pela diversidade de comportamentos e tendências, por outro, esconde uma armadilha razoável ao estimular a dissimulação. O indivíduo pode até acenar com um sorriso nos lábios, mas isso não mudará em nada os seus reais valores ou as convicções que repercutem em cada decisão tomada. É preciso mais do que o mero discurso para que o centro de alguém passe por mudanças relevantes. Além do risco de acentuar a mentira contumaz, o politicamente correto desrespeita uma premissa básica da própria Constituição Federal, visto que inibe a livre manifestação do pensamento. Como o contexto poderá pressionar o sujeito a se portar de dada forma, a essência poderá ser simplesmente ignorada. Considerando que há muito em jogo, a pessoa terá que mapear o ambiente, com o intuito de descobrir a estratégia adequada para trilhá-lo. Contudo, é importante buscar o maior grau possível de coerência entre a conduta exigida pelo meio e os valores que o distinguem dos demais. O ideal é que sejam evitados os conflitos que tendem a surgir quando não há a perspectiva de ajustes favoráveis.
A ditadura do politicamente correto
Ariovaldo Esgoti
01/11/2013