Assumindo o controle da vida financeira


Dívidas podem ser uma benção ou uma maldição, dependendo do contexto das profecias autocumpridas de nosso dia a dia.

Elas não chegam a ser um problema em si, mas a forma como se estruturaram, sim, pode ser muito reveladora.

A verdade é que todos estamos as voltas com inúmeras contas, que passaram a nos acompanhar desde tenra idade.

É até possível que não tenhamos tido mais cedo a consciência delas apenas porque durante boa parte de nossa vida fomos tutelados, protegidos por nosso pais ou responsáveis.

O desafio está em se conseguir separar as contas ou dívidas saudáveis daquelas que reconhecidamente são prejudiciais.

Não é tão difícil fazê-lo, basta averiguar o grau de consciência de que dispomos ao assumir determinados gastos, principalmente buscando identificar se o orçamento atual foi de fato planejado.

Por mais desafiador que possa parecer, em especial a quem esteja com suas finanças descontroladas, não só é plausível como pode ser estabelecido um plano de ação que promova o equilíbrio entre as entradas e as saídas de recursos.

Não há mágica, é necessário que a pessoa se conscientize de sua responsabilidade pelo pagamento de tudo o que deve, além de pela qualidade do que recebe em retribuição ao que oferece à sociedade, seja na forma de prestação serviços, seja pela venda de bens ou produtos.

Um passo indispensável é o de se assegurar de que em regra o gasto se restrinja à receita, adequando-se o padrão de vida à efetiva realidade e não a idealizada.

Posteriormente é importante que se busque a preservação de certa parcela dos recebimentos, planejando-se sua aplicação de forma a estarem garantidos a reserva para eventualidades e, dentre outros, o investimento em bens ou serviços que favoreçam o crescimento da renda.

Lição vital neste processo é também a aprendizagem sobre o papel do adiamento da gratificação, pois usualmente quem não abre mão do prazer imediato de ter alimenta o dom de se colocar como vítima de pessoas ou circunstâncias que bem poderão desencadear um quadro de endividamento insustentável, de insolvência.

Numa sociedade marcadamente consumista as tentações certamente são muitas não havendo alternativa àquele que almeja assumir o controle de sua vida financeira: antes de cada passo é imprescindível que a pessoa se indague sobre se realmente precisa adquirir o que está na vitrine.

É semelhante ao hábito da alimentação saudável, o indivíduo passa a reconhecer que o bem-estar é proporcionado pela ingestão da quantidade certa do alimento necessário, desviando-se da mera percepção do prazer.

Considerando que sempre que o indivíduo decide avançar e se compromete com a mudança os recursos necessários são viabilizados, caberá ainda o desenvolvimento da arte da paciência, pois quanto mais complexa a edificação ou obra mais tempo será necessário para sua conclusão.

A pressa é inimiga da perfeição, diziam-nos nossos pais. Estavam certos, afinal as reais conquistas da humanidade não foram alcançadas num piscar de olhos.