A. Esgoti

O governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) precisa se esforçar mais para parecer convincente, pois não conseguiu disfarçar o seu desconforto na grande parada paulista. Ao ser indagado sobre o conflito em potencial com sua religião (católica) ele se saiu com uma genuína pérola. "A luta pela diversidade é de todos", defendeu falaciosamente. É claro que a pergunta era tendenciosa, não havendo muitas alternativas favoráveis a alguém cuja fé professada realmente despreza o direito à diversidade sobre a qual falou. Contudo, não estou certo sobre se trair a sua consciência e desrespeitar os mandamentos da igreja da qual faz parte seja uma estratégia inteligente e, por que não dizê-lo, ética. Não que devamos concordar calados com todos os pseudoprincípios que algumas lideranças religiosas querem fazer prevalecer no país, em especial, se nossas decisões afetarem a vida de muitos ou de todos, como é o caso em potencial na política. Mas, o indivíduo que se pretende um estadista tem que fazer a lição de casa, equacionando as demandas de seus representados muito antes de se expor a tais embates. Nessa área certamente não há como agradar a gregos e troianos. Entretanto ou o político encontra uma forma de fazê-lo sem violar sua consciência ou é melhor se dedicar a outras tarefas cujas exigências éticas sejam menos conflitantes. FHC e Dilma que o digam, quando a revelação de suas convicções religiosas arranharam suas imagens. Precisamos reconhecer que a tarefa para superar tal desafio é árdua, é como que um teste para o indivíduo que almeja a função máxima no país. Bem, considerando que ele já consegue articular que "a luta pela diversidade é de todos", o que traz implícita a compreensão de que os interesses em conflito precisam ser conciliados, possivelmente temos aí um indicativo de que ainda há esperança para a oposição.