A pseudoestratégia do lucro a qualquer preço


A quadrilha desbaratada na "Operação Leite Compen$ado" no Rio Grande do Sul caiu vítima da própria pseudoestratégia do lucro a qualquer preço. Seus integrantes pensaram ingenuamente que reduzindo a qualidade do produto teriam acesso a margens mais generosas.

O fato é que na sociedade contemporânea já não há mais espaço para este tipo de raciocínio, principalmente quando o bem colocado em risco é a segurança ou vida da pessoa humana. Além do mais, o serviço ou produto disponibilizado no mercado precisa necessariamente atender a finalidade de sua concepção.

Quem decide empreender segundo os ditames da legalidade descobrirá mais cedo ou mais tarde que, "na prática, a teoria é outra", ou seja, que nem sempre é simples o processo de viabilizar um negócio ou mesmo de assegurar que continue rentável.

Mas, tais dificuldades somente representarão barreiras intransponíveis ao gestor cuja visão seja tacanha, pois a história da administração demonstra que o indivíduo comprometido com sua causa costuma ter maiores chances de convertê-las em desafios, congregando os recursos que o levarão ao alvo.

Uma das lições que precisam ser incorporadas o mais rápido possível ao dia a dia de parte do empresariado é que se atividade somente se justificar a partir do apelo à ilicitude, tendo o recurso a expedientes fraudulentos papel preponderante nos indicadores de lucratividade e de rentabilidade, é melhor pensar bem nas consequências dos riscos que são eventualmente assumidos.

Há muito em jogo. Além da real possibilidade de se colocar em xeque a própria liberdade, os custos do processo e da bem plausível condenação em danos materiais e morais poderão levar os réus à constatação de que "os fins não justificam os meios".

Adicionalmente, casos como o inicialmente citado ensinam também que o público consumidor precisa fazer a sua parte exigindo o cumprimento dos direitos que lhe assistem e privilegiando os fornecedores que respeitam a sociedade.