A vontade popular é soberana


O presidente tem o direito de expressar o que pensa e no que acredita, mas precisa refletir bem antes de expor suas opiniões, como, por exemplo, ocorreu no recente comentário ao resultado da eleição em que os argentinos reconsagraram ao governo o perfil que ele repudia: "Lamento. Eu não tenho bola de cristal, mas eu acho que a Argentina escolheu mal", pontuou. Ora, contanto que o processo eleitoral não tenha sido viciado, regimes democráticos funcionam exatamente dessa forma; ou seja, vence quem recebe o maior número de votos, independentemente do consentimento da parte derrotada ou de quaisquer nações. Aliás, aqui no Brasil vale o mesmo modelo, o que significa que a bandeira do próprio presidente pode se sair vencedora ou não nas próximas eleições, mas é dever, inclusive moral, do(s) concorrente(s) vencido(s) acatar, se realmente lícito, o resultado das urnas. Noutras palavras, como a vontade popular é soberana, cabe a ela definir os rumos do país, ainda que eventualmente se arrependa de suas más escolhas, cuja aprendizagem tem o potencial de preparar a sociedade para dias melhores.