A Polícia Federal, especialmente quando atua em conjunto com outros órgãos, como, por exemplo, a Receita Federal do Brasil, já pode ser considerada como digna de possuir uma espécie de doutorado "honoris causa", pois tem sido eficaz em demonstrar às organizações criminosas disfarçadas dos tipos mais variados de consultoria, que o crime realmente não compensa e pode de fato render fortes dores de cabeça aos seus integrantes, quando não uma crônica indigestão. Seguramente os vendedores de facilidades, como as que envolvem negociação com títulos podres ou compensação tributária com créditos indevidos ou ainda, dentre outras, a falasiosa blindagem patrimonial ou mesmo a constituição empresarial por meio de interposta pessoa (que é um modo charmoso de se referir à utilização de sócio cítrico ou ao vulgo laranja) reprovam os métodos que lhes têm restringido o, por assim dizer, "mercado", já que a margem para ganhos ilícitos tem ficado cada vez mais estreita. Além disso, não deve ser desprezado o elevado grau de risco desse tipo de lucro, que poderia ser totalmente consumido na quase que vã tentativa de se preservar a liberdade, considerando-se que tem havido a condenação e prisão de vários desses meliantes de colarinho branco; fato que, outrora, seria inimaginável, mas que passou a marcar as primeiras páginas ou o horário nobre dos principais veículos de comunicação do País. Por outro lado, a despeito dos desafios com os quais precisaremos conviver, devido à relativa precariedade ou tendenciosidade que vez por outra ameaça rondar o Judiciário, profissionais e empresários sérios acabam sendo por via indireta incentivados a perseverar em suas missões, porque, a depender do aparato repressor do Estado, tal sorte de concorrência desleal estaria com os dias contados. Ademais, ainda que a relação não seja necessária, se for imperativa a escolha: "É melhor ter poucos bens com paz de espírito do que obter riquezas por meio de fraudes".
Vendedores de facilidades
Ariovaldo Esgoti
17/05/2019