Uma justificativa quase perfeita


Já fiz parte do grupo cada vez maior de crédulos que assumem a Ciência como sendo porta-voz da verdade, cujos resultados seriam obtidos com elevado grau de imparcialidade e, assim, representariam adequadamente a realidade. Ledo engano, pois no mundo real da pesquisa científica costumamos encontrar com certa frequência a extrapolação desprovida de base empírica razoável, o que na melhor das hipóteses serviria só para apoiar o lançamento de alguma droga ou de algum produto no mercado. Não foi diferente com os resultados recentemente divulgados acerca da pretensa influência do hormônio do crescimento na manutenção do sobrepeso ou da obesidade, pesquisa esta da qual participaram entidades de renome tanto no cenário nacional quanto internacional. O motivo para essa inferência no fundo é simples, visto que os pesquisadores em questão aparentemente ignoraram o fato de que o desenvolvimento da saúde e, assim, a manutenção do peso ideal decorrem, dentre outros, da reeducação alimentar, em sentido amplo, em vez da adoção de dietas restritivas por si só. Constatação esta que, aliás, tem o respaldo de trabalhos disponíveis aos interessados, que não se contentam com leituras tendenciosas realizadas na maioria das vezes apenas para fins mercadológicos. De todo modo, para os que aguardavam tal sorte de material, doravante, torna-se possível o uso de uma justificativa quase perfeita na defesa da preservação do estilo de vida vigente, já que é a Ciência que explicaria o porquê de serem ineficazes quaisquer mudanças, sem que houvesse algum tipo de intervenção "genética".