Em tempos de debates acalorados, mas nem sempre arrazoados, salta aos olhos a preocupação, às vezes exagerada, de alguns com os direitos humanos, como se estivéssemos na iminência de um colapso ou mesmo de um cataclismo. Contudo, a despeito de o quadro ser de fato preocupante, pois, o descaso com o próximo obteve o status de política pública, ainda que velada, creio que poderíamos experimentar o abrandamento da crise se deslocássemos o foco para os humanos direitos. Ou seja, ainda que possam ser inúmeras as tentações para que se adote o sentido contrário, visto que nenhuma das tentativas de mudar o ser humano de fora para dentro apresentou efeitos duradouros, não seria mais interessante o investimento numa reforma a partir de dentro, mesmo que com recurso a estratégias que a promovesse ou, ao menos, a apoiasse? Noutras palavras, já que é improvável que alcancemos a dignidade plena do gênero humano sem que antes passemos por uma profunda transformação de nossas consciências, inclusive, abandonando a condição de zumbis virtuais ou a alienação que nos cauteriza a percepção, poderíamos nos abrir para que a vida de verdade fluísse em nós, aproveitando para deixar para trás as quimeras que só serviriam para nos distrair.
Humanos direitos
Ariovaldo Esgoti
25/01/2019