Desinformador digital


Praticamente em toda atividade humana é preciso separar o joio do trigo, o que, aliás, é recomendável já de longa data. Mas há uma que tem sido genuína fonte de crescentes dores de cabeça para muitos: os influenciadores digitais. São pessoas, às vezes, com perfil profissional como, por exemplo, da área da saúde, que tendem a cativar seu público com o conteúdo que produzem e que, quando bem preparados e informados, auxiliam os interessados em suas criações. Justamente aí reside o problema, pois, seja por preparação inadequada, seja por ignorância ou mesmo por má-fé, há quem tenha inovado na abordagem, apresentando-se em perspectiva prática como uma espécie de terrorista digital. Embora alguns realmente se esforcem pela qualidade de seus conteúdos, outros optam pela via aparentemente mais fácil, porque anunciar fórmulas infalíveis, oferecer segredos imbatíveis ou prometer resultados fenomenais em curtíssimo tempo é armadilha que atrai cada vez mais gente. Convém que não nos esqueçamos dos pseudoespecialistas que, posando de mestres, generalizam apressadamente interpretações, diagnósticos e orientações, que poderiam até fazer sentido em alguns quadros, mas que tendem a surtir o efeito contrário, desinformando o público, visto que muitos ingenuamente aceitam o veredito de forma irrefletida e, assim, colocam-se em risco. A conclusão é que nesses tempos em que tudo se propaga em grande velocidade é preciso receber com cautela quaisquer dados, porque são boas as chances de que estejamos diante do conteúdo gerado, na realidade, por um desinformador digital, cujo propósito seria apenas a distração ou ainda o terror e os consequentes "likes".