Há quem se esforce para defender o mérito de políticas como a aprovada pelo Estado de São Paulo, tornando "obrigatória a informação sobre cor ou identificação racial em todos os cadastros, bancos de dados e registros de informações assemelhados, públicos e privados", como se no mundo atual houvesse espaço para uma espécie de "déjà-vu", em memória de tempos em que, por exemplo, era coisa comum exigir a inclusão de foto em currículo ou o atributo de "boa aparência" para dadas funções. Mas, se é que os governos têm real interesse em debelar o racismo e quaisquer formas de preconceitos, certamente o caminho não é esse, já que não se inibe um foco de incêndio com recurso a líquidos inflamáveis. Ou seja, a solução passaria necessariamente por medidas que nos conscientizassem de que, a despeito de nossas ascendências, somos todos brasileiros, até porque ficam cada vez mais raros os casos em que a miscigenação não tenha sido a regra na formação de nossas famílias.
Racismo dissimulado
Ariovaldo Esgoti
22/06/2018