Notícias falsas


Independentemente do posicionamento ou viés ideológico, os maiores divulgadores e propagadores de notícias falsas da atualidade estão aparentemente unidos no combate às "fake news", com exposição maciça de notas e chamadas que tentam sensibilizar seu público-alvo aos equívocos do compartilhamento de conteúdos cuja verdade não tenha sido confirmada. A intenção pode ser nobre, com certeza, embora contraditória quando não hipócrita, já que tais veículos de comunicação deveriam se pautar por esse tipo de política em tudo o que difundem no dia a dia, em vez de apoiarem notícias, matérias ou coberturas que fazem justamente o oposto, ao darem voz ao erro, às vezes, generalizado, como se na prática estivessem apenas combatendo a si mesmos. A conclusão não poderia ser outra, pois basta que prestemos atenção à precariedade das bases de muito do que é noticiado diariamente, para nos darmos conta de que, se tudo não passar de cortina de fumaça, querem somente o monopólio sobre o engano, ou seja, a nossa mera distração: "Pesquisas confirmam que..."; "Não há dados seguros sobre o tema, mas cerca de "X%"apresentou o padrão de comportamento"... Noutras palavras, quais pesquisas atestaram o que foi alegado? Foram divulgadas onde, quando? Quem conduziu, financiou e patrocinou os trabalhos? Além disso, se não há fontes seguras ou levantamento preciso de dados, qual o valor da estatística apresentada na evolução do argumento? Enfim, como não há atalhos, é preciso investigar com seriedade o assunto, refletindo sobre o que realmente fundamenta ou legitima os conteúdos, que, porventura, sejam de nosso interesse ou reclamem a nossa atenção.