No plano da expressão política e especificamente da reivindicação de direitos ou denúncia de abusos, o Grito dos Excluídos certamente é defensável ou mesmo legítimo, mas pode não passar de mera falácia no meio religioso, pois nem sempre a Igreja faz o que precisaria ser feito para promover a inclusão real ou desestimular toda forma de intolerência. Além dos casos de recusa velada e preconceito dissimulado observáveis em algumas instituições, inclusive pela segregação contumaz da mulher, o clero perde diariamente a oportunidade de incluir a todos ao não explicar com todas as letras que a sacralidade da vida não está sujeita aos ditames da hierarquia ou de quaisquer estruturas construídas pelo ser humano. Mas, não se poderia esperar algo diferente de quem imagina que só o enclausuramento do divino seria capaz de manter a comunidade sob relativo controle. Afinal, não faria sentido manter a pesada estrutura administrativa, se todos soubessem que não encontrariam o sagrado em templos, sem que antes o identificassem em si mesmos e, por extensão, no próximo ou ainda em tudo o mais.
O Grito dos Excluídos
Ariovaldo Esgoti
08/09/2017