A vida não deve ser desperdiçada


Neste meu primeiro semestre de redução expressiva do uso de redes sociais que exigiam conexão contínua, noto que a decisão inicial de controle daqueles recursos, de fato, nasceu da percepção de uma necessidade premente: ou me privava com mais vigor dessas mídias, ou flertaria cada vez mais de perto com o risco de sucumbir. Em nenhum momento fui radical a ponto de dizer dessa água não beberei jamais, pois o que buscava era apenas reduzir a dependência, que me comprometia o desempenho em campos variados, servindo ainda como reforço ao quadro crescente de insônia e aos efeitos colaterais que começavam a me consumir. Superada a nova fase de desintoxicação, aproveitei ainda para mexer em pontos que ignorara nas investidas anteriores, o que poderia explicar a razão da instabilidade dos resultados de até então, constatando que a vida é preciosa demais para ser desperdiçada daquela forma. Além disso, reconheço que o contato com a avalanche de informações que tais mídias tendem a proporcionar, em vez de gerar consciência e atenção, produz justamente o contrário, já que os principais frutos do frenesi virtual que estimulam são distrações, desatenção, desequilíbrios... Fico admirado com o que podemos conseguir em tão curto espaço de tempo, quando calibramos as variáveis certas: normalidade da pressão arterial; sono profundo e reparador; predileção por alimentos mais saudáveis; maior disposição para atividades físicas; níveis moderados de estresse; motivação e criatividade crescentes etc. Outro efeito colateral interessante da manutenção de uma distância segura das mídias sociais, é que fica cada vez mais fácil discernir quais desses recursos são realmente importantes ou necessários, além de quando e como utilizá-los. Bem, estas são as linhas gerais da minha experiência, cujo olhar compartilho de tempos em tempos. Se este e os demais relatos lhe servirem de estímulo, ótimo. Por outro lado, que fique claro: não tenho a pretensão de mudar a vida de ninguém, inclusive porque aprendi que de uma forma ou de outra respondemos por nossas próprias ações e eventuais omissões.