Informações seletivas e qualidade de vida


Se permitirmos o que parece ser o fluxo da vida, mas que na prática é uma cultura marcada por contornos patológicos, são grandes as chances de adoecermos e de talvez sucumbirmos. Lembro-me de quando anos atrás criei meu primeiro perfil em dada rede social, que era a sensação daquele momento. Senti-me eufórico, pois tinha a possibilidade de entrar em contato com amigos e conhecidos de longa data, alguns dos quais, já não residiam no país. O tempo passou e as redes de outrora foram substituídas por outras mais eficientes. O acesso aos recursos sociais, que só ocorria por meio de computador, foi-nos disponibilizado pelo celular, deixando-nos conectados o dia todo. A coisa alcançou tamanha proporção que se tornou possível, dependendo da mídia social em uso, debater rotineiramente economia, política, saúde, nutrição etc. Numa sociedade marcada por um assombroso grau de analfabetismo funcional, pelo privilégio do individual em prejuízo do coletivo, por radicalismos desmedidos e pela degeneração de caráter, não deu noutra, flertamos diuturnamente com a ameaça de colapso do sistema. Infelizmente (ou felizmente, dependendo da perspectiva) só me dei conta dos riscos quando meu organismo começou a clamar por mudanças nesse estilo de vida. Se soubermos ouvir, dentre as fontes disponíveis, nossas enfermidades e dores podem ser excelentes conselheiras. Por outro lado, se resistirmos à sua sabedoria, correremos o risco de pagar um preço alto demais. No que me diz respeito, decidi ouvir essas mensagens e aprender o quanto antes com tais lições. Isso fez com que reduzisse minha participação em grupos e comunidades, primeiramente, virtuais, e, depois, questionasse a necessidade ou plausibilidade dos demais. Passei a dar muito mais valor à vida de verdade. Aprendi a ser bem seletivo com contatos, informações e notícias que realmente merecem atenção, inclusive, seguindo meu caminho à parte das tendências ditadas pelas redes sociais. Aliás, é vergonhosa sua instrumentalização por alguns setores e potenciais algozes de gente crédula, que se valem das redes sociais e de seus incautos usuários para disseminar o erro, o preconceito, a intolerância, o ódio..., não escapando desse tipo de conduta, lamentavelmente, nem quem deveria ou mesmo poderia guiar a sociedade. De qualquer forma, como dizia uma antiga personagem do humor tupiniquim: isso não me pertence mais. Além disso, é altamente prazeroso redescobrir que temos o poder de escolher a quê devotaremos nossa atenção, definindo, assim, a qualidade de nossa jornada.