Acompanhar o noticiário no dia a dia é tarefa que fica cada vez mais desafiadora, pois, em vez de focarem também ou especialmente nos casos cujo impacto seja construtivo, as mídias têm revelado uma mórbida predileção por crimes, imoralidades, futilidades... O entretenimento patrocinado pela indústria cultural não logra melhor sorte, já que cada vez mais raras são as propostas cujo conteúdo realmente seja merecedor da atenção dos que se esforçam para evitar a atrofia mental e física, que é marca registrada da maioria das ofertas. A área acadêmica padece já de longa data vitimada pelas demandas de um mundo, que mesmo tendo entrado em extinção, assombra-lhe com modelos que servem, quando muito, para massagear o ego de uns poucos em detrimento da satisfação das efetivas necessidades de muitos. No campo das artes, não fossem algumas admiráveis ocorrências o quadro seria de completa desolação, pois o que vende cada vez mais é justamente o que oferece cada vez menos aos seus desavisados admiradores ou consumidores. A Ciência também tem sido colocada em xeque quase que diariamente devido ao desserviço prestado por pesquisadores que se revelam comprometidos acima de tudo com próprio bolso, ainda que à custa da saúde ou vida de muitos. Essas e outras situações poderiam induzir alguém a pensar que não há saída, mas contanto que o interessado em desafiar o atual estado de coisas chame a si a responsabilidade por separar o joio do trigo serão expressivas as chances de se distanciar das ondas de interesses que tentam minar a humanidade. Noutras palavras, despertos e com o olhar fixo na direção correta teremos reais condições de selecionar o que nos servirá de informação, diversão, alimentação, formação e expressão, superando assim os apegos patológicos, que só serviriam para estimular carências.
Superando apegos e carências
Ariovaldo Esgoti
22/08/2016