No afã de obter audiência a qualquer preço a imprensa marrom é capaz de sacrificar quase tudo pelo que almeja receber com a difusão da subcultura que apresenta travestida de informação, entretenimento, crítica social etc. A bola da vez, de novo, é o Pe. Fábio de Melo, reconhecidamente um nome que atrai a muitos e que tem o dom de incomodar quem privilegia a aparência e o formalismo em detrimento da genuína espiritualidade ou mesmo da verdade. Incapazes de conviver com o sucesso do Padre, os caluniadores de plantão sentem que não podem desperdiçar nenhuma oportunidade de espalhar confusão e de iludir o maior número de desinformados que puder alcançar. Não fosse o elevado grau de analfabetismo funcional que praticamente varre o país não prosperariam ao isolar de seu contexto o ensino ou a sentença cuja compreensão pressupõe o acesso ao raciocínio que serviu de fundamento à exposição realizada pelo Padre. Dizer que "o agressor só se torna agressor porque a vítima o autoriza" não implica necessariamente que se esteja culpando a vítima pela agressão que sofre, até porque tal inferência não teve suporte na fala completa do sacerdote, a qual foi desprezada para que o logro pudesse avançar. Aliás, a ideia é aplicável a outros contextos, como, por exemplo, o da corrupção. Ou seja, afirmar que "o corrupto só se torna corrupto porque a vítima (sociedade) o autoriza", longe de significar que provoquemos de forma direta esse mal, significa que, na realidade, podemos agir para mudar o quadro, ainda que a mudança efetiva demorasse para se consolidar. Por outro lado, a despeito dos protestos desinformados ou mal intencionados, tanto num quanto noutro caso, se permanecêssemos inertes diante da agressão ou do crime, na prática, realmente seria como se concorrêssemos para aquilo que revela o quão sórdido o ser humano pode ser quando deixado à deriva.
Imprensa marrom e analfabetismo funcional
Ariovaldo Esgoti
28/06/2016