O presidente da Câmara, e integrante da bancada evangélica, decidiu revelar outra de suas faces: o nobre deputado seria portador de enorme capacidade empreendedora. A conclusão parece ser necessária já que ele conseguira a proeza de amealhar uma pequena fortuna comercializando enlatados e aplicando no mercado financeiro. Também teria sido agraciado por meio de depósitos anônimos em sua conta na Suíça, o que funcionaria como um indicativo de que o fiel que honra a divindade mediante dízimos e ofertas, de fato, pode receber inúmeras vezes mais. Como alguns tendem a se sentir tentados a questionar alegações dessa natureza, taxando-as de frágeis ou débeis, o pretenso estadista admitira ainda o uso de contabilidade criativa ou mesmo a existência de recursos não declarados: o tradicional caixa dois... Bem, se ele é um gênio das finanças, um empreendedor de altíssimo nível, além de uma pessoa realmente abençoada só o tempo esclarecerá. O fato é que, por enquanto, a inteligência da nação continua sendo desafiada.
Contabilidade criativa ou capacidade empreendedora
Ariovaldo Esgoti
06/11/2015