Sobre a performance do padre


Estive no show "Piano & Voz", com o Pe. Fábio de Melo. Foi a primeira vez que presenciei uma performance do padre. Talvez a psicologia esteja certa ao defender que vemos o que buscamos ou o que trazemos conosco. Talvez seus críticos não tenham ainda conseguido perceber a grandeza da obra desenvolvida pelo Pe. Fábio. Sem batina ou outro traje clerical é verdade, mas muito mais sacerdote do que inúmeros exemplos que temos mundo afora, com certeza. O cristianismo do qual testemunha é simplesmente sublime. Saí de lá com algumas reflexões e, em especial, uma indagação, que foi estimulada pela perseguição que ele e o próprio Papa Francisco sofrem, por incrível que pareça, dos de dentro: Seria possível ao irmão do filho pródigo (re)encontrar de verdade o amor do Pai? Confesso que por muito tempo achei que o problema do cristianismo fosse o filho pródigo (papel que já vivenciei de forma vigorosa), mas percebo que o grande desafio hoje é representado na realidade pelo irmão "obediente" (o filho mais velho), uma pessoa frustrada, recalcada e cheia de razões, portadora de uma autossuficiência doentia, enamorada de si mesma e, dentre tantos adjetivos, completamente desamparada e desesperançada ou, noutras palavras, subjugada pela inveja, embora, segundo o Pai, tudo lhe pertencesse. Creio que não tenha sido obra do acaso a constatação de que: "os crentes podem ter tido parte não pequena na gênese do ateísmo" (Constituição "Gaudium Et Spes", 19). É como se o próprio nazareno repetisse atualmente: "vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem"...