Caso algum gestor afirmasse que iria manter o objeto social de determinada empresa totalmente inalterado e depois eliminasse na calada noite alguma das atividades, no mínimo, teria o seu juízo e sua boa fé questionados. Curiosamente, o ministro da Fazenda aparenta crer que isso seja possível, pois, por um lado, afirma que "a Caixa Econômica Federal continuará 100% pública" e, por outro, que provavelmente será aberto o capital da atividade de seguros, como se isso não fosse uma forma dissimulada de se defender a privatização do patrimônio público. O raciocínio é flagrantemente falacioso, não servindo para esclarecer nada. Quando muito, serviria como um afago naqueles que têm uma espécie de frisson enquanto repetem de forma incansável para si mesmos: "Não, não somos privatistas, não!". Mesmo eu, que sou defensor desde longa data de um Estado mínimo, fico desconfiado com esse tipo de iniciativa, pois, a despeito da resistência, o fato é que esse pessoal parece ter o dom de estragar quase tudo em que coloca suas mãos. Mas é claro que a privatização pelas razões certas, no momento exato e com aplicação lícita dos recursos captados é altamente desejável e benéfica para o país. Se, por exemplo, a Petrobras tivesse sido privatizada em ocasião oportuna teria sido impedida a dilapidação do patrimônio da estatal. Ou seja, o "timing" é fundamental.
Argumentação falaciosa não esclarece nada
Ariovaldo Esgoti
20/04/2015