Desde longa data tenho certa desconfiança das boas intenções dos partidos da base governista, pois usualmente onde colocam suas mãos direitos correm o risco de serem desrespeitados em nome de uma pseudodemocracia. Em regra, se puderem ficar bem longe da imprensa, internet, mídia, educação, economia etc. a nação tende a lucrar em todos os sentidos. Mas, seria injusto de minha parte afirmar que tudo o que fazem esteja intrinsecamente errado ou seja fruto de má fé, porque, apesar das frutas podres ali presentes, essa árvore também pode nos surpreender com bons frutos, boas medidas. Não é diferente com o programa do governo recém-lançado: o "Humaniza Redes". Por esse projeto busca-se estimular a eliminação ou ao menos a redução acentuada da discriminação e do preconceito no ambiente virtual. Se eu estivesse desconectado da realidade ou tomado por uma militância ingênua provavelmente enxergasse nesse programa apenas mais uma tentativa dissimulada de regulamentar, leia-se, censurar, a internet. Creio que não seja esse o caso, pois basta prestarmos um pouco de atenção à performance dos principais atores nas redes sociais que a constatação será quase que unânime: independentemente de posição política, filosófica, religiosa, partidária etc. as massas agem como se padecessem de analfabetismo funcional. Mas essa disfunção até que poderia ser superada com relativa tranquilidade, contanto que o indivíduo cooperasse com o processo, investindo tempo e, se necessário, recursos na obtenção de informações básicas e indispensáveis à sua emancipação. Em outras palavras, o governo aparentemente acertou em cheio na detecção dos sintomas do problema: discriminação e preconceito generalizados na grande rede. Só não estou certo sobre se a profilaxia escolhida (pactos pela denúncia, prevenção e segurança) será realmente efetiva em seu tratamento. Porém, algo precisa ser feito e com urgência, claro.
Humaniza Redes
Ariovaldo Esgoti
17/04/2015