Em frente às câmeras o governo posa de resistência ao projeto de lei que busca disciplinar as terceirizações, mas nos bastidores defende com unhas e dentes a sua aprovação. Ao que tudo indica, a questão é acima de tudo matemática: nosso "Leviatã" deve ter feito as contas e se alegrado muito com a possibilidade de arrecadar mais sobre a receita das empresas terceirizadas. Basicamente o que o governo defende é uma espécie de contrapartida privada para aprovação do projeto de lei: se o empresariado pretende ganhar, o Estado não ficaria atrás. Ou seja, mais impostos no horizonte. E quanto aos direitos dos trabalhadores? Que nada, no fundo quase todos os jogadores sabem que esse debate não passa de cortina de fumaça para iludir a multidão, que segue feliz ou nem tanto assim. Se tudo caminhar como vislumbra a base governista, as empresas terceirizadas teriam que absorver uma contribuição previdenciária extra de 5,5% sobre suas receitas. Tudo em nome do equilíbrio fiscal, claro. O que realça o absurdo da situação é que, mesmo diante de uma crise que já não pode mais ser negada, o governo nada faz de concreto a respeito do enxugamento da máquina pública, da contenção de desperdícios e ainda do combate efetivo à corrupção. Continuar tentando transferir a responsabilidade por sua incapacidade administrativa é conduta que não resolve nada, servindo apenas para agravar o quadro. Além do mais, se é que esse tipo de negligência é capaz de alguma coisa, poderia acabar afastando os poucos que insistem ainda em apoiar a atual gestão, cujo mandato reconhecidamente já nasceu condenado.
Mais impostos no horizonte
Ariovaldo Esgoti
16/04/2015