Aqueles que têm certo tempo de caminhada pelas principais vias deste país conseguem perceber com alguma facilidade que se sindicalistas vociferam sobre dado assunto é porque podem estar preocupados com muitas coisas menos com os direitos dos trabalhadores.
O irônico da situação é que boa parte dos detratores do projeto de lei que regulamentará a terceirização sequer se deu ao trabalho de examinar os pontos previstos na medida. Quando muito, dão ouvidos apenas a comentários de comentários, brincando ingenuamente de "telefone sem fio".
Dessa espécie de patologia infelizmente escampam só "uns gatos pingados", mas suas vozes são quase que completamente abafadas pelo burburinho da multidão ensandecida, que só tem olhos para o "time do coração", o folhetim preferido e, dentre outras distrações, os embates pretensamente políticos pró-esquerda, direita, centro-esquerda, centro-direita etc., que servem apenas para anestesiar ainda mais essas consciências combalidas.
Na contramão do que defendem essas vozes apocalípticas, em minha perspectiva, a implementação de forma ampla da contratação terceirizada deverá, na realidade, aumentar o acesso ao emprego formal, fazendo-o, contudo, sem comprometer quaisquer direitos trabalhistas ou previdenciários, além de se manter em sintonia com o que requer o atual cenário econômico... Mas essas pobres almas nada querem saber sobre isso, visto que estão ocupadas demais com o declínio de sua arrecadação e de seu status.
Por outro lado, num ponto estou de acordo com o choramingo dessa turma: os sindicatos podem perder e muito. Explico-me. Se a mão de obra deixar de estar concentrada num reduto sobre o qual a trupe detém poder, como é que manipularão o "gado" que, até então, conduziam com rédeas curtas?
Não temos como saber ainda se o projeto será de fato convertido em lei nem mesmo com que teor a tramitação será concluída. Porém, uma coisa é certa: ano a ano o sindicalismo perde força. Se compararmos a força dessa turma com a de seu apogeu notaremos que estamos diante de apenas sombras. Sombras essas que, aliás, tendem ao completo desaparecimento. Oxalá assim o seja logo, para o bem da nação.