Um grupo de pesquisa da Universidade Griffiths conseguiu demonstrar que o entrelaçamento quântico de uma única partícula não só é plausível como é de fato o que ocorre. No experimento em questão, publicado pela Nature e divulgado pela Revista Galileu, os pesquisadores confirmaram que a medição de parte de um único fóton dividido entre dois laboratórios era o bastante para alterar o status da outra parcela. Fora demonstrada a realidade do "entrelaçamento quântico". Segundo Einstein tudo não passaria de "ação fantasmagórica à distância", visto que, pelas leis da mecânica quântica, o evento era tido como impossível, além de dar margem a desdobramentos indigestos a olhares mais céticos. Porém o cientista não contava com o tipo de peça que a vida costuma pregar nos mais afoitos, a despeito de quão nobres tenham sido suas intenções. O equívoco basicamente ocorreu porque a genuína Ciência só pode afirmar o que sabe, tendo como base repetidos experimentos. É uma velha máxima, que pode ser assim parafraseada: o conhecimento é fruto da experiência direta. Em outras palavras, o que lhe parecer impossível em dado momento é apenas fruto da percepção de seus limites, apesar das vãs pretensões de mentes mais crédulas ou mesmo arrogantes. Naturalmente essas descobertas não servem de fundamento a muito do que se vende como científico em circuitos alternativos, mas confirmam de novo que ninguém é dono da verdade, muito menos os gigantes sobre cujos ombros a contemporaneidade foi construída. Apesar do tropeço de um dos ícones da Ciência devemos manter alguma medida de prudência na análise de tudo o que é anunciado como "quântico", pois a perspectiva de lucro é capaz de subverter o sujeito, transformando-o num mero mercador, doa a quem doer.
Entrelaçamento quântico
Ariovaldo Esgoti
31/03/2015