Teoria do Caos


Várias lições podem ser extraídas do caso em que se envolveu a torcedora gremista, o que poderá ainda render longos debates e estudos. Mas é causa de perplexidade a forma superficial e mesmo sensacionalista com que a situação tem sido apresentada no circo midiático que se instalou desde a famigerada partida. Por um lado, a menina terá que se empenhar no exorcismo de alguns demônios ou fantasmas, para que as sequelas potenciais sejam bem administradas, com o menor dano pessoal e familiar. Por outro, se alguém tinha dúvidas, a evidência é alarmante: nossa sociedade está sedenta de sangue. Há uma multidão de justiceiros aguardando qualquer oportunidade para roubar, matar e destruir. Tudo em nome do politicamente correto, claro. É possível que se leve um tempo considerável ainda para que confirmemos o peso exato que o acesso às redes sociais e ao mundo virtual teve no desvirtuamento do caso, bem como em outros dos excessos que vêm ocorrendo País afora, mas não restam dúvidas quanto ao tamanho de sua força. Do jeito como as coisas estão, um espirro no extremo sul poderia provocar uma inundação no extremo norte do país, ou um resfriado poderia levar a uma infecção generalizada. A constatação, ao que tudo indica, parece óbvia: a Teoria do Caos estava realmente certa, pois, segundo ela, o simples bater de asas de uma borboleta numa região poderia causar um furacão noutro lugar.