Sem dúvidas precisamos desenvolver diversas habilidades ao longo da vida, o que certamente será feito com grau variável de proficiência, pois ninguém é mestre em tudo. Somos habitados também pelo eterno aprendiz. Ainda que nem todos estejamos conscientes disto, a capacidade de aprender é o que de fato nos torna humanos, possibilitando-nos superar os diversos desafios com que nos depararemos no dia a dia. Tomando como exemplo o aprender a caminhar, tarefa que a maioria de nós superou ainda em tenra idade, perceberemos que o desenvolvimento da habilidade pressupõe também a formação de uma estrutura psicológica que tolere a dor do processo de aprendizagem. Ora, qual criança não cai, em regra, enquanto ensaia os primeiros passos? Se lhe fosse possível racionalizar, desistindo das tentativas até que estivesse realmente em condições de dar passos certeiros, provavelmente jamais viesse a andar. Diversos fatores podem explicar a insistência da criança nesse processo doloroso de cair e se levantar, mas creio que um dos importantes elementos seja o foco no grande objetivo, o que lhe dá alegria, mantendo-a motivada para repetir o processo tantas vezes quantas forem necessárias. Não é diferente conosco na vida adulta. A capacidade de aprender traz implícita a habilidade de tolerar os erros que em maior ou menor grau tendem a surgir enquanto o nível adequado de proficiência não é alcançado, preferencialmente celebrando as oportunidades representadas pelos transtornos. Assim o é basicamente porque a gratidão é um elemento facilitador do processo de aprendizagem, predispondo-nos a prosseguir rumo aos ideais que acalentamos. Noutras palavras, o espírito do aprendiz aflora com maior facilidade na mente grata.
A capacidade de aprender
Ariovaldo Esgoti
15/08/2014