Desintoxicação virtual


Nossa sociedade adoeceu, e, o mais grave, não se deu conta disso. No afã de estarmos sempre ligados em tudo acabamos nos distanciando de nós mesmos e dos mais próximos... Pelo que percebo, vivemos uma crise sem precedentes. Tenho acompanhado o trabalho de alguns profissionais que se debruçaram sobre as síndromes decorrentes do exagero no uso de redes sociais virtuais, mensagens eletrônicas e celulares, dentre outros mecanismos potencialmente alienadores. A constatação algum tempo atrás foi a de que eu também havia sido contaminado por esse vírus, cuja erradicação nem sempre é simples. Chegara ao ponto de não conseguir deixar de acessar várias vezes num mesmo dia os recursos criados para facilitar os contatos, mas que acabavam gerando uma espécie de servidão... Estando com o diagnóstico em mãos era preciso tomar providências urgentes. Comecei ensaiando alguns passos em direção ao uso controlado e reduzido dos velhos recursos alimentadores da dependência... A transição não foi nada fácil, mas extremamente valiosa, pois houve um ganho acentuado de tempo, de motivação e de qualidade de vida, em meio a outros dos efeitos colaterais benéficos... Certamente não chegarei ao ponto de defender o fim do uso desses recursos, pois incorreria em erro pelo extremo oposto. Além do mais, o fato é que, se for bem usada, a tecnologia pode contribuir para que tenhamos uma vida muito melhor. É mais ou menos como ocorre com a ingestão de vitaminas: na medida certa, corpo e mente agradecem, porém, se exagerarmos na dosagem, seremos perturbados pela hipervitaminose.