As suspeitas que rondam a refinaria da Petrobras, em Araucária, no Paraná, ameaçam acirrar ainda mais os ânimos dos que teriam se colocado como meio e os destinatários do provável superfaturamento, cujos indícios se demonstram consideráveis, acentuando o escândalo que envolve a empresa estatal. É possível que estejamos diante da exposição de um contorno extra desse iceberg. Num dos casos, ostentando ares de tecnicidade, o grupo citado apresenta os seguintes esclarecimentos, conforme divulgou o Jornal Gazeta do Povo: "Os serviços foram contratados, pagos contra a emissão de notas fiscais, que foram todas devidamente contabilizadas, tributadas e pagas, via sistema bancário, de acordo com a legislação vigente". Infelizmente para os técnicos que apoiaram tal nota, além da circularização desses dados, restaria pendente a confirmação sobre a efetividade das saídas dos recursos bancários, rastreando-se as contas utilizadas na distribuição dos valores captados. Aliás, se o caso evoluir para a realização de procedimentos periciais consistentes com o que dispõe o ordenamento jurídico, tende a ser relativamente tranquila a tarefa de se evidenciar a licitude de todo o trajeto de tais recursos, o que deixaria uma questão em aberto, por enquanto: a direção dos grupos participantes do contrato em questão estaria realmente receptiva ao exame dos demais dados bancários, em particular, quanto à efetividade das saídas, remessas, transferências etc.? O tempo o dirá.
Contornos de um iceberg
Ariovaldo Esgoti
20/06/2014