A. Esgoti

A despeito do estilo de vida animalesco de muitos, não somos todos macacos, não. Embora, claro, humanos e símios descenderiam do mesmo ancestral primata. A intenção dos que entraram na campanha em questão pode até ter sido nobre, mas é ingenuamente falaciosa. Seria muito mais razoável um slogan com aproximadamente o seguinte teor: somos todos irmãos, apesar das diferenças. Este é, segundo percebo, o verdadeiro problema por traz de qualquer forma de preconceito: o, por assim dizer, esquecimento de que a humanidade é ou deveria ser uma família. Tal irmandade certamente é heterogênea, e isso por razões variadas, mas mesmo assim teria um tronco comum, o qual, aliás, numa avaliação rigorosa, nos revelaria embrenhados inclusive com as demais espécies do planeta. Por outro lado, por mais abjeta que seja a conduta do indivíduo preconceituoso ou racista, sem prejuízo da responsabilização cabível, precisamos estar sempre cientes de que quem age assim busca fazer o seu melhor, considerando o que é e o que tem no momento.